dezembro 24, 2006


Minha Desgraça

Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta Tratar-me como trata-se um boneco... Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro... Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido Cujo sol
(quem mo dera!) é o dinheiro... Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito blasfema, É ter para escrever todo um poema E não ter um vintém para uma vela.

Álvares de Azevedo